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Uma dose do vazio





Injetamos, sábado, a morfina que alivia as últimas dores dessa doença chamada Palmeiras. Essa euforia ocultará os erros, suavizará as aflições e dará uma satisfação momentânea de prazer.

Equivocada, dopante, mas verdadeira...

Nosso corpo outrora forte, esguio e vencedor hoje padece de um câncer que consome nossas entranhas, nosso vigor, nossa capacidade de levantar e lutar contra.

Estamos na maca, sofrendo ao lado dos nosso entes queridos na esperança de um remédio milagroso, instantâneo e eficaz.

Pretendentes surgem... Expectativas são lançadas... Sem efeito!

Insistimos em aliviar a dor do agora e já, nos esquecendo que a maior dor virar amanhã.

Pois são nas manhãs seguintes que o sol se põe sobre nossa casa fechada e empoeirada sem a companhia daqueles que a faziam pulsar todos esses anos.

Hoje ela está doente como você Palmeiras. Precisa de fármacos ante ao inevitável "modernismo" que se aflora no horizonte.

No último sábado aquela dose de morfina adormeceu a dor momentânea dos últimos tombos.

As dores voltarão numa nova alvorada ou numa primavera qualquer. E quando elas se tornarem inevitáveis teremos que nos perguntar se é possível nos curar quando não há forças nem para nos mantermos de pé.

Nossa ferida não carece de doses homeopáticas prescritas pelos pseudo-médicos ou entendidos do assunto.

Sua dor, Palmeiras, é daqueles que insistem em entrar na sua casa vazia e empoeirada mesmo quando sua identidade não se encontra por lá, mas o fazemos pela paixão que só você evoca.

Sua dor, Palmeiras, nos causa incômodo, martírio, corrompe nossa alma e consome nossa força vital como uma ferida que insiste em não curar.

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Leia isso, isso e isso.

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