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Definindo grandeza em momentos pontuais






Após o jogo da última quarta não sabia o que pensar do time, da partida, do K9, Luxa, torcida, espaço Visa ou qualquer coisa que gerasse conflitos de opiniões. Confesso que foi um misto de vários sentimentos, dentre eles, impotência (sem maldade nenhuma, nesse quesito estou muito bem, obrigado!), ira, frustração e revolta.


Li e reli vários textos da Mídia Palmeirense, opiniões nos fóruns e com meu próprio subconsciente. Cheguei a cornetar até quem não merecia. Pois bem, depois do jogo, já com a cabeça fria achei esse espetacular texto postado na Comunidade do Palmeiras no Orkut pelo Richard Meckien. Texto esse, que é a definição clara e objetiva do que grande parte da torcida, para não dizer todos, ainda sente ou sentiu antes, durante e depois da partida.


Vale a pena dar uma conferida. E como diz o texto no final: E agora pensemos no Santos.



Meu sentimento de frustração com relação ao jogo de ontem está inserido num contexto de inconsciente coletivo da torcida palmeirense, então seria no mínimo redundante eu me expor individualmente com relação a isso. Aliás, muito do que estará escrito aqui provavelmente será muito descartável... mas eu não conseguiria ficar de consciência limpa se não confrontasse algo que li ontem na comunidade e que me chateou profundamente.

Durante o jogo contra o Sport eu não consegui arrumar tanto argumento para justificar as reclamações mirabolantes que surgiram depois. No primeiro tempo eu achei que não fomos nada mal... apenas concordo que nosso erro foi não ter marcado o segundo gol logo, para deslanchar. Na verdade FIZEMOS o segundo e ele foi mal anulado. Ainda assim, a nossa proposta de jogo nos deixou com a bola nos pés e dominando os ataques. Atrás, a defesa não precisou trabalhar e no meio de campo estávamos ganhando disputas de corpo. Numa fatalidade de último minuto e de irritante mesmice em jogada aérea, tivemos o nosso calcanhar de Aquiles explorado: bola alçada e ninguém consegue abafar. Foram DOIS bate-e-rebates dentro da área e a sobra aconteceu com uma sorte absurda, que resultou em gol. Esse erro anunciou o que seria o resto do jogo ? Bastante... mas daí a generalizar esse lance como motivo para dizer que o Palmeiras jogou mal é o fim da picada. No segundo tempo o Sport abdicou de passar a linha que divide o campo e o jogo ficou completamente amarrado. Não lembro de o Marcos ter tocado na bola para praticar defesas... e no ataque caímos na tática recuada deles, fato atrelado à perda das nossas chances de ataque.

Num estilo de jogo como o do segundo tempo é difícil pegar um jogador e dizer: "foi mal" ou "foi bem". Não houve desistência da parte de ninguém e, até certo ponto, nem nervosismo. Começamos a errar uns passes bestas bem no fim, quando já parecia que a pressão não surtiria efeito. Mas não reclamo taticamente de ninguém. Não sobre ontem.

Eu li muito sobre o Keirrison essa semana e também após o jogo. Eu também tenho minha chateação sobre ele. Não é a respeito de sua performance. Que o cara é bom eu não tenho dúvidas. Apenas acho que (e isso foi explicitado muito no sábado e ontem) ele não está no mesmo nível de entrega ao time de muitos outros jogadores. E isso não está ligado ao fato de não acertar finalizações, mesmo porque ele marcou nos dois jogos. Está ligado ao fato de não parecer ter vontade (ou capacidade) em dividir algumas bolas e multiplicar o ânimo da equipe. Se ele conseguir superar isso, unirá sua força de finalização ao estilo de jogo coletivo, passando a ser peça ainda mais importante.

Um resultado inesperado costuma me ser dolorido em dois intantes: ao fim do jogo, se percebo que o resultado não refletiu exatamente o que foi a partida, e quando leio tópicos pós-jogo, notando uma necessidade de alguns em maldizer tudo e todos quando não houve uma vitória. Se eu tinha um limite de aceitação dessas "cornetagens", ele foi ultrapassado quando eu li ontem que não adiantaria o Palmeiras passar para as oitavas-de-final por ser o "Mogi Mirim das Américas". Não me entra na cabeça até agora o fato de o autor dessa frase se dizer palmeirense.

Antes de mais nada a declaração é um desrespeito com o Mogi, time pelo qual eu não tenho simpatia alguma, mas ao qual sei dar o devido crédito. Que os times do interior possuem condições menores de investimento e de transformá-las em títulos não é novidade para ninguém. Portanto usar um rótulo de pequenez e ainda empregar isso como arma para tirar chacota de outro time (no caso, o Palmeiras) é ferir ambos os lados. Ao mesmo tempo, existe essa constante perseguição em julgar a dimensão do Palmeiras a cada jogo. Há sete dias vencemos o Sport jogando da maneira que a Libertadores pede: sem o uso constante da habilidade técnica e utilizando muita força. Éramos os maiores do Brasil. Ontem empatamos um jogo em que voltamos a ser um time mais "de Luxemburgo" e não tanto "de Libertadores. Viramos o Mogi.

Talvez seja uma questão de diversão ou de precisar extravasar o stress, eu não sei. Mas, colocado num local de discussão pública, causa uma polêmica negativa. No mesmo jogo de ontem, tivemos um apoio absurdo vindo das arquibancadas e jogadores se doando atrás de uma bola. Só isso já deveria impedir qualquer margem a possíveis discussões sobre "a grandeza do Palmeiras", pra não entrar em questões de história, conquistas e a trajetória do clube. Tem muita gente que não se interessa em saber a história do clube e já nem se lembra (ou nunca soube) o que aconteceu em décadas não tão distantes. Para essa gente só importam o presente, o resultado do jogo e o troféu. Eu costumava chamar essas pessoas de são-paulinos e esse era o meu principal motivo para não gostar deles. Ver um comportamento parecido em um palmeirense dói mil vezes mais. "Amanhã vão me zoar na escola". Isso lá é preocupação de palmeirense ? Preocupe-se com o próximo jogo, pense na grandeza do seu clube e da sua torcida, não dê ouvidos aos torcedores adversários e ERGA-SE. É um processo que dura alguns minutos, fácil, fácil.

Uma das coisas mais admiráveis em uma instituição é como sua causa consegue criar uma atmosfera de paixão à sua volta, independentemente do momento. Eu escolhi meu time sentindo isso... e não são tantos os clubes brasileiros de futebol que me passam essa noção. A qualidade de uma torcida assim não se resume a checar o resultado do jogo no jornal. Eu tenho um grupo sólido de amigos que saiu dessa comunidade e que vem crescendo de 2005 para cá. Pessoas que agora não se encontram mais apenas em jogos, mas que também fazem muitas outras coisas juntas. É por motivos aparentemente banais como esse e por tantos outros que o Palmeiras é muito maior que qualquer jogo isolado de futebol... e não acho que nos cabe definir a sua grandeza a todo momento. A grandeza é inquestionável e é o que nos torna uma família, nos fazendo sorrir ao ver qualquer camisa verde na rua. Enxerga quem quer.


E agora pensemos no Santos.

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