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Leitura obrigatória





O começo de um projeto, mesmo àqueles que nem eram identificados como um projeto é sempre difícil, requer tempo e dedicação. O projeto da Mídia Palmeirense, mesmo não sendo enquadrado em algo tão amplo e que tomasse grandes dimensões, incomoda a muitos da imprensinha. Incomoda sim que eu sei!

No começo era difícil ir atrás de bons textos, boas histórias, fotos, dados, etc. Hoje podemos desfrutar de sites, blogs e semi-portais, nos quais navego diariamente para acompanhar meu Verdão. E para o colírio de todos e menos esforços dos meus dedos em divulgar os trabalhos via internet, temos muitos e muitos sites que nos proporcionam excelente qualidade dos conteúdos em pró do Verdão, e que me impede de ir (tentar) buscar em sites desmascarados como prejudiciais.

E é pensando assim, que recomendo (mais) um magnífico texto do amigo Barneschi do Forza Palestra.

Parabéns pela perfeita relação das palavras e idéias, que nesse brilhante texto expõe por A+B as putinhas do Jardim Leonor e sua corja de defensores da modernidade!

Esmola midiática

1938. O SPFW, clube da elite quatrocentona e resultado de uniões espúrias na primeira metade do século passado, vai à falência já em seu terceiro ano de vida. Como os tempos eram outros, os rivais Palmeiras e SCCP cometem um erro histórico irreparável: organizam um jogo para arrecadar fundos que pudessem manter em atividade o ‘co-irmão’ falido.

Foi o Jogo das Barricas, assim denominado porque os presentes ao tenebroso espetáculo deixavam sua contribuição em barricas instaladas na entrada do estádio. Porfírio da Paz, torcedor-símbolo, autor do hino oficial que ninguém sabe cantar e ocupante de tantos cargos públicos nas décadas de 40 e 50, não se conteve: com uma bandeira estendida, caminhou por entre as torcidas para pedir esmola.

Quatro anos depois, esta mesma gente oportunista tentaria roubar a nossa casa e efetivamente tomaria o campo do então Germânia, obrigado que foi a virar Pinheiros. Depois vieram a venda fraudulenta para a Portuguesa, a doação de um terreno público no Jd. Leonor, os anos de Adhemar de Barros e Laudo Natel, o dinheiro do povo indo para uma obra privada e tudo mais que os senhores conhecem.

Corta para 2009. Como não se muda a genética oportunista de uma sub-raça como a que sustenta o SPFW, os bandidos de agora são os descendentes diretos daqueles de décadas passadas. O que muda é a situação. O SPFW tanto fez que conseguiu perder o seu principal inquilino, o SCCP, que antes tinha o costume de alugar aquele antro maldito e deixar alguns trocados nos cofres leonores. Foi assim por muitos anos, até que ninguém mais conseguisse conviver com a empáfia, a desfaçatez e a alienação da escória bambi.

O ponto de ruptura se deu quando as bichas resolveram descumprir um acordo de cavalheiros, que previa todos os clássicos contra o SCCP na casa delas (vejam só!) com ingressos divididos pela metade e renda idem. As conseqüências já se desenham no horizonte, e não demorou para os leonores perceberem que o prejuízo pode ser enorme, em especial porque eles se dedicam agora a transformar em centro consumista o que já foi um estádio de futebol.

Para sustentar uma estrutura assim, exige-se consumidores, quaisquer que sejam eles – o bolso não distingue alma ou cor de camisa. Com o boicote de SCCP e Palmeiras (que já não manda jogos ‘normais’ por lá desde 2000), a estratégia ficou comprometida, de tal forma que é preciso novamente cooptar recursos financeiros de terceiros para manter um elefante branco que vive às moscas.

Mas ninguém mais precisa se prestar ao papel de um Porfírio da Paz e sair mendigando uns trocados por entre a multidão. Há táticas mais discretas – e eficientes: a esmola agora é midiática, à base de manipulação da opinião pública. Se antes tinham o Estado como aliado, agora os bambis desfrutam do amparo de uma crônica esportiva pervertida, perdida em sua falta de princípios e entregue a uma sórdida agenda de destruição.

É então que os senhores todos convivem diariamente com discursos vazios, produzidos não com alguma base empírica ou cognitiva, mas com o simples propósito de inventar uma realidade paralela, que é logo aquela que interessa aos cofres leonores. Funciona assim: “O Morumbi (sic) é o único estádio que presta e todos os demais devem ser implodidos”. Direto e reto, sem que se faça necessária qualquer argumentação - e a imprensa deixa passar.

Não à toa, portanto, uma figura da estirpe de JJ Scotch Whisky é capaz de sugerir a implosão do histórico Pacaembu, o mais belo e aconchegante estádio desta metrópole. E faz isso não por ter ingerido algumas doses a mais em uma noite solitária, mas simplesmente por carregar a genética suja dos oportunistas.

Há os que produzem esse discurso: são os pervertidos da mídia esportiva. E há os que, por má intenção, desinformação ou pura ingenuidade, compram e passam adiante a falácia: pronto, manipulou-se a opinião pública. (Por sinal, cabe observar que muitos dos nossos maiores veículos de comunicação mantêm relações não muito claras com o clube do Jd. Leonor, o que inclui publicidade institucional em pontos diversos do estádio.)

O discurso vazio dos leonores tem lá as suas variantes, que proliferam em épocas como esta, de grandes jogos e decisões entre clubes populares. Alguns exemplos:

“É preciso pensar na segurança do torcedor e levar todos os clássicos para o estádio mais seguro”.

“É hora de os clubes ganharem dinheiro, e o jogo precisa acontecer no maior palco, com mais renda”.

“Temos que pensar no conforto do torcedor comum”.

O Morumbi (sic) é um campo neutro.

Estes acima são os argumentos genéricos, mas é sempre bom lembrar que estamos lidando com mentes tão criativas quanto malignas, e elas são moldadas por Casares, o maqueteiro do mal. É então que surgem as muitas tentativas de manipulação: a farsa do gás, a simulação de Bosco Pilha, o caso do Barril de Pólvora e os tantos protestos infundados. E dá-lhe discurso adaptado:

“O Parque Antarctica (note que eles nunca falam em Palestra Itália, talvez por vergonha do passado sujo) não oferece segurança para receber um clássico”.

O Pacaembu é um estádio antigo e precisa ser implodido.

A Vila Belmiro é muito acanhada para jogos importantes.

A verdade, meus caros amigos, é que as bichas entraram em desespero e resolveram pedir esmola. A imprensa já está fazendo a sua parte e começou bem cedo. Começo por sugerir a matéria publicada na FSP de 08/04/2009, sob o título "Clubes ignoram o caixa por palcos das semifinais".

A reportagem, em tom crítico, questionava Palmeiras, Santos FC e SCCP, que resolveram mandar os clássicos em suas respectivas casas. Alguns trechos relevantes:

"Recusado por rivais do São Paulo, Morumbi é o campo mais rentável do Paulista."

"O estádio são-paulino, classificado pelos rivais como não sendo um campo neutro, é mais rentável do que as arenas onde Corinthians, Palmeiras e Santos vão exercer seus mandos."

Para afirmar isso, os repórteres simplesmente desprezam o fato de os clubes todos terem de pagar aluguel para o SPFW se decidirem mandar os jogos por lá - não por acaso, pois o objetivo é exatamente permitir que isso continue acontecendo.

Aí é um tal de número pra lá, estatística pra lá, percentuais sendo enfiados pela goela do leitor mais desavisado. Até que o tal Jesus Lopes faz o papel que já foi de Porfírio da Paz e resolve lamentar a fuga dos inquilinos: "Já que o futebol é um esporte profissional, o objetivo é ter arrecadação compensadora para subsidiar os custos do time. Um momento como este, uma fase decisiva, com os clubes com maior capacidade de arrecadação, e eles abrem mão disso"

Notaram o desespero? E o tom de matéria paga?

Nos dias seguintes, a Folha (e outros menos cotados) deram suas estocadas aqui e ali, com críticas severas aos clubes que, vejam o absurdo!, resolveram exercer seus mandos de campo nas respectivas arenas. Da edição de ontem, 21/04/2009:

Título: "Desavenças apequenam decisão do Paulista-2009"

Linha fina: "Conflitos entre dirigentes tiram Morumbi da disputa por título, que será na Vila Belmiro e no Pacaembu com preços majorados por clubes"

Última frase: "Não é o que mostra levantamento da Folha, que apontou o estádio são-paulino como mais vantajoso financeiramente."

E assim vai seguir o desespero das moças leonores. É de se esperar que, 71 anos depois, ninguém mais cometa o mesmo erro.

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